terça-feira, abril 06, 2010

dez horas

somos eu e você
e um tanto de nós por aí espalhados,
procuro um lugar só meu.
procuro um lugar só nosso.
me acho, te encontro em mim.
sigo.
perdido na minha ilha de ferro
ferro contorcido, contorcido de saudade.
ferro que demora, mas me leva.
me leva mais uma vez até o alto.
pela nossa independência, pelos nossos cinco segundos.
pelo tempo que nos resta, só pela vida inteira.
no meio do verde, ferro, nervoso e ansiedade,
te tasco um beijo, te puxo pra um abraço.
e você tá lá. me mostra suas dores, me fala dos temores
me pede pra ficar.
se eu pudesse parar
parar o tempo, parar lá no início.
parar. e congelar, ter um vira-tempo que preste
e virar, e voltar, e remar.
remar pra ilha, mais uma vez.
pra ilha, pra montanha, pro meio dos carros e até o metrô
te puxo num canto, me canta um canto e pede proteção
eu vou pra longe, mas ainda é perto, logo a gente se vê
logo quando ? agora ou daqui a cinco segundos ?
- muito tempo, né. mas me espera.
fico rouca de tanto te chamar, pra dentro.
mas você escuta, me pede um tempo.
pede um colo, um alento pra acabar com o sofrimento.
entendo, atendo.
e pretendo num só dia, num só segundo trazer toda a felicidade apagada de um meses atrás.
bem, eu vou, ben. mas logo eu volto, daí a gente registra, tira foto.
termino os desenhos, como mais palmito. te dou mais um pouco de colo.
pego o trem, o ônibus, o ônibus, a ponte. e logo chego, mas não chora, eu logo volto.